Ilana Ventura Ilana Ventura

Quero Meu Sertão de Volta

Não tem mais tropeiro, nem um sanfoneiro em dia de feira
Não tem chão batido, um assar de milho, brasa de fogueira
Foi-se a poesia, cadê cantoria, 'quêde' o sabiá?
'Tá faltando abraço, da noite um pedaço pra se namorar

Procurei, em vão, um balanço bom, saudade da rede
Água bem friinha, vinda da quartinha matar minha sede
E o florar do mato, destroçado, insiste em não frutificar
Oh! Meu Padim Ciço, tanto rebuliço, não dá pra esperar

Quero é brincar no terreiro,
Da chuva sentir o cheiro, quero abrir a porta
Pr'um sorriso verdadeiro,
Não quero dinheiro, quero meu sertão de volta

Onde está a flor, onde está o amor, onde está? Não sei
O asfalto esconde as pegadas das veredas onde andei
Até a lua branca de tanta vergonha foi se esconder
Se o progresso é isso, disso eu não preciso, eu quero é viver

Cadê a natureza, não tem mais pureza nesse meu sertão
Só se ouve verso no caminho inverso da minha canção
E o vaqueiro forte, procurando a sorte, se pega a rezar
Purgando o castigo de um povo tangido a se humilhar

Quero é brincar no terreiro,
Da chuva sentir o cheiro, quero abrir a porta
Pr'um sorriso verdadeiro,
Não quero dinheiro, quero meu sertão de volta